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Fique por dentro das linhas pedagogicas adotadas no Brasil

Existem diversas formas de encarar o processo de ensino-aprendizagem: são as chamadas linhas pedagógicas. Elas são adotadas pela instituição de ensino conforme a identificação dos gestores escolares e dos educadores com essas formulações, que passam pela perspectiva de como o conhecimento deve ser compartilhado com os pequenos até as ações práticas realizadas em sala de aula.

A escolha das linhas adotadas na instituição impacta todo o planejamento pedagógico e o cotidiano escolar. Por isso, é importante para a gestão conhecê-las. Pensando nisso, preparamos este texto com as principais características das linhas pedagógicas praticadas no Brasil. Acompanhe!

As principais linhas pedagógicas do Brasil

Entre as linhas pedagógicas encontradas nas instituições educacionais brasileiras estão a tradicional, a freireana, a construtivista, entre outras. A seguir apresentaremos as principais características de cada uma. Confira!

Tradicional

A linha tradicional é aquela presente na maior parte das escolas brasileiras. Sua principal característica é ser mais conteudista, isto é, focada na transmissão de conteúdos. 

Para isso, os educadores se relacionam com os alunos em uma hierarquia bem vertical: o professor assume o comando da aula e expõe as informações, enquanto os estudantes as recebem. Para avaliação de aprendizado, o mais comum é que sejam aplicadas provas bem uniformizadas e com questões pontuais sobre conceitos, fórmulas etc.

Apesar de especialistas defenderem cada vez mais que o aluno tenha um papel mais ativo em sua aprendizagem, a linha pedagógica ainda é bastante popular porque os modelos de vestibulares adotados no Brasil são conteudistas. Desse modo, as escolas visam a preparação dos alunos para essa fase.

Freireana

Essa linha pedagógica tem por base a ideia de que os alunos já trazem consigo conhecimentos e visões de mundo, frutos de experiências de vida. Isso é especialmente importante quando pensamos na Educação de Jovens e Adultos (EJA), que foi o público-alvo do educador brasileiro Paulo Freire na década de 1960.

Assim, o docente deve ter abertura e tolerância para ouvir seus alunos, de forma que possa levar em conta as realidades sociais e culturais de cada um na contextualização dos conteúdos. Com isso, o estudante enxerga sentido e propósito neles e tem mais facilidade em assimilá-los.

Na linha freireana, entende-se que o uso do contexto social na metodologia de ensino favorece a associação e a mobilização dos conteúdos formais na vida cotidiana, pessoal e coletiva. Assim, ela defende a educação como prática de liberdade: emancipadora e capaz de criar indivíduos autônomos e críticos.

Montessoriana

Desenvolvida no início do século 20 pela médica e educadora italiana Maria Montessori, essa linha se fundamenta no trabalho sensorial. Nela, entende-se que as crianças aprendem explorando o mundo, desse modo, a forma como o ambiente é estruturado é fundamental para estimular o desenvolvimento infantil.

Algumas características típicas de uma sala de aula montessoriana são:

  • cadeiras e mesas baixas;
  • objetos à disposição dos pequenos;
  • estímulos sensoriais diversos;
  • liberdade para o movimento e a exploração;
  • respeito às descobertas de cada um, no seu ritmo.

O papel do educador é o de guiar e orientar experiências e atividades sensoriais, porém, com bastante liberdade para os estudantes. Na escola, as salas montessorianas costumam ser reduzidas e organizadas por ciclos de desenvolvimento, não por séries. 

Waldorf

Essa linha pedagógica, por sua vez, foi desenvolvida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, no início do século 20. Ela é a que mais traz particularidades em seu modelo: nela, existem ciclos de aprendizagem que duram sete anos (0-7, 7-14 e 14-21) e, durante cada um, os alunos têm um tutor fixo que os acompanha e os avalia.

No primeiro ciclo, o principal objetivo é o desenvolvimento psicomotor. Então, são aplicadas somente atividades lúdicas, envolvendo trabalhos manuais e corporais, brinquedos simples e tarefas que estimulem a imaginação.

No segundo ciclo, o foco está na alfabetização e na maturidade emocional. Já o último ciclo se direciona ao aprofundamento de aprendizados e ao desenvolvimento de visão crítica sobre o mundo. 

Como os alunos são acompanhados por tutores fixos em cada ciclo, há um alto grau de individualização do ensino, já que o educador passa a conhecer muito bem cada estudante. 

Construtivista

Por fim, a linha construtivista propõe uma perspectiva horizontal do aprendizado. Nela, o aluno não é um receptor de informações, mas sim o protagonista na construção de conhecimentos — daí o nome. Ela se baseia sobretudo na obra do psicólogo suíço Jean Piaget, que se dedicou aos estudos sobre o desenvolvimento infantil.

Para ele, o conhecimento é construído pela interação entre o sujeito e o meio. Então, o papel da escola é propiciar um ambiente fecundo para os aprendizados. O educador é visto como um mediador: é ele quem seleciona os conteúdos e guia o aluno, isto é, “ensina como aprender”, mas sempre valorizando o papel ativo e a autonomia do estudante.

São utilizados métodos que estimulem a resolução de problemas, a formulação de hipóteses e a experimentação. Já as avaliações envolvem o acompanhamento contínuo e individualizado desses conhecimentos. Então, provas e testes dão lugar a avaliações diagnósticas, trabalhos em grupo, desenvolvimento de projetos, participação em sala etc. 

A escolha da linha pedagógica ideal para sua escola

Como você viu, há muitas formas de pensar os processos de ensino-aprendizagem. Por isso, é importante que a escola faça escolhas — porém, a instituição educacional não precisa optar apenas por uma linha pedagógica. O mais comum é que haja uma combinação entre duas ou mais, desde que elas tenham perspectivas semelhantes.

Além disso, não existe um modelo melhor do que o outro: tudo depende da identificação da escola com aquela forma de encarar a educação, além de como os profissionais e os alunos se adaptam a cada uma delas. Lembrando que as linhas educacionais adotadas guiam:

  • como a escola estrutura seu currículo;
  • a forma que os educadores se relacionam com os estudantes;
  • as estratégias pedagógicas utilizadas em sala de aula;
  • a infraestrutura material e imaterial da instituição;
  • as avaliações de desempenho escolar, entre outros pontos decisivos no cotidiano escolar.

Diante desta leitura, você já sabe como são as principais linhas pedagógicas utilizadas no Brasil e por que é importante que a instituição de ensino as conheça e escolha aquelas com as quais mais se identifica. Afinal, isso impactará diversos aspectos do trabalho dos gestores e dos educadores. 

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